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Doenças Emergentes e Resistência Antimicrobiana: Desafios Atuais na Medicina Veterinária

As doenças emergentes e a resistência aos antimicrobianos são atualmente dois dos maiores desafios enfrentados pela medicina veterinária e pela saúde pública global. Estas ameaças não afetam apenas os animais, mas têm impactos diretos na saúde humana e no meio ambiente, exigindo uma abordagem integrada e multidisciplinar, como propõe o conceito de One Health.

 

 

O que são Doenças Emergentes?

As doenças emergentes são infeções que surgem pela primeira vez numa população ou que aumentam significativamente em incidência ou distribuição geográfica. Muitas têm origem zoonótica, ou seja, podem ser transmitidas entre animais e humanos.

Exemplos relevantes:

  • Gripe Aviária (H5N1, H7N9): vírus altamente patogénicos em aves, com potencial de transmissão para humanos, causando surtos graves.
  • Febre do Nilo Ocidental: transmitida por mosquitos, afeta aves, equinos e humanos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH/OIE), mais de 60% das doenças infecciosas humanas conhecidas têm origem em animais.

 

 

A Ameaça Crescente da Resistência Antimicrobiana

A resistência aos antimicrobianos (RAM) é o fenómeno pelo qual microrganismos, como bactérias e fungos, se tornam resistentes aos medicamentos usados para os tratar. O uso de antibióticos em animais de produção, animais de companhia e na medicina humana é um dos principais fatores que aceleram este processo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a RAM poderá causar 10 milhões de mortes por ano até 2050, caso não sejam adotadas medidas urgentes.

Em Portugal, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) tem vindo a implementar programas de vigilância e controlo, promovendo o uso prudente de antibióticos no setor veterinário.

 

 

Estratégias de Prevenção e Controlo

A resposta a estes desafios exige uma ação coordenada entre profissionais de saúde humana, veterinária e ambiental. Algumas das principais estratégias incluem:

Uso responsável de antimicrobianos

  • Prescrição apenas quando clinicamente indicado
  • Realização de testes de sensibilidade antimicrobiana
  • Evitar o uso de antibióticos como promotores de crescimento em animais

 

Vigilância epidemiológica

  • Monitorização constante de surtos e padrões de resistência
  • Partilha de dados entre países e instituições

 

Educação e sensibilização

  • Formação contínua de médicos veterinários e produtores
  • Campanhas de sensibilização pública sobre a importância do uso racional de antibióticos

 

Abordagem One Health

  • Colaboração entre médicos, veterinários, biólogos, ecologistas e legisladores
  • Políticas públicas baseadas em evidência científica e sustentabilidade

 

A luta contra as doenças emergentes e a resistência antimicrobiana é um desafio global, que exige uma resposta informada, coordenada e contínua. A medicina veterinária desempenha um papel central neste processo, não só pela proteção da saúde animal, mas também como pilar fundamental da saúde pública e ambiental.

O futuro depende da adoção de práticas sustentáveis, do investimento em investigação científica e da cooperação internacional.

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